Hoje comemora-se o dia do trabalhador em diversos países do mundo. A data refere-se ao dia 1 de maio de 1886, quando uma greve foi iniciada na cidade norte-americana de Chicago com o objetivo de conquistar melhores condições de trabalho, principalmente a redução da jornada diária – que chegava a 17 horas – para oito horas. Durante a manifestação houve confrontos com a polícia, o que resultou em prisões e mortes de trabalhadores.
Em 2021, em meio à crise de pandemia de Covid-19, há muito pouco a ser celebrado nessa data. O desemprego afeta milhões de pessoas pelo mundo em diversos países independentemente do grau de desenvolvimento. Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), mais de 41 milhões de pessoas estavam desempregadas na América Latina e Caribe em 2020. No Brasil o desemprego atingiu novo recorde: 14,4 milhões de brasileiros estão sem trabalho, dos quais 400 mil engrossaram as estatísticas apenas no trimestre dezembro de 2020 a fevereiro de 2021, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A vulnerabilidade da população trans
Ao fazer o recorte do desemprego por preconceito pela orientação sexual e identidade de gênero de indivíduos, o quadro fica mais aterrador. Uma pesquisa realizada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e divulgada em maio de 2020, revelou que, dos 10 mil entrevistados, 21,6% dos LGBTs estão desempregados. Isso é quase o dobro do índice no Brasil, que é de 12,2%, segundo o IBGE.
A população trans é a mais prejudicada no acesso à educação e oportunidades de trabalho. A transfobia, traduzida em violências física, moral e psicológica, seja no ambiente familiar ou escolar, tem impacto direto no desenvolvimento educacional e acesso ao mercado de trabalho. O perfil sócio-econômico mapeado pela Rede Trans Brasil em 17 cidades, entre 2017 e 2020, revela que 82% da população de mulheres travestis e transexuais sobrevivem economicamente do trabalho sexual.
Programa “Oportunizar”: a iniciativa da Rede Trans
Essa realidade foi uma preocupação do último workshop nacional realizado pela Rede Trans Brasil, onde foi idealizado um programa nacional que, através de nossas filiadas, abordasse o tema e buscasse alternativas de minimizá-lo.
Em fevereiro de 2021, a Rede Trans Brasil deu início às atividades do programa institucional intitulado Oportunizar – Ação Nacional de Empregabilidade para Pessoas Trans. Trata-se de um conjunto de iniciativas organizadas, visando fomentar alternativas para empregabilidade de pessoas trans.
O programa Oportunizar prevê uma série de atividades de advocacy para a formação de lideranças comunitárias em cidades das cinco regiões brasileiras, visando a criação de um plano local que fomente uma rede de parcerias com empresas privadas. Em paralelo, a ação pretende construir um banco de dados através de site institucional, no qual serão reunidas informações das filiadas de todos os estados, além de divulgar vagas de empregos e cursos viabilizados a partir das empresas parceiras.
Na primeira fase do programa, foram articuladas e estruturadas as ações para 2021/2022. Também foram escolhidos os monitores das instituições filiadas nas 10 cidades atendidas pelo programa: Belém, Macapá (região norte), Salvador, Recife, Fortaleza (região nordeste), São Paulo, Vitória (região sudeste), Brasília, Goiânia (região centro-oeste) e Porto Alegre (região sul)..