Marcelly Malta, é uma referência e estímulo da luta de pessoas trans no Brasil, sempre trabalhou em prol dos direitos humanos. Nascida no interior gaúcho, aos 15 anos mudou-se para Porto Alegre, onde iniciou sua transição, na época da ditadura militar. São contundentes os relatos da militante sobre esse período de sua vida, as perversidades e situações desumanas que pessoas trans viviam no início da década de 70.
Nos anos 80, Marcelly ingressou como funcionária do Estado do Rio Grande do Sul, mas ainda tinha a prostituição como alternativa para ajudar na realização de seus sonhos. Viver na Europa era um deles e ela realizou na década de 90, indo morar em Roma. Com sua vida estabilizada, foi lá que ela despertou para seu instinto solidário, engajando-se na luta contra o HIV, vírus que causou a morte de muitas de suas amigas, já que era muito mais letal pela falta de tratamento e controle da época. Marcelly iniciou assim sua doação ao próximo, combatendo o preconceito e a exclusão das pessoas soropositivas.
Ainda nos anos 90, Marcelly se juntou à Cassandra Fontoura para fundar o grupo Igualdade (Associação de Travestis e Transexuais do Rio Grande do Sul), um momento decisivo na história do movimento trans gaúcho e que marca também a militância institucionalizada de Marcelly, já que sua vida sempre foi movida pela coragem e militância constantes.
Ao longo de sua trajetória como servidora e militante, Marcelly vem contribuindo com pautas na saúde, na educação, segurança, trabalho, assistência, entre outras, sendo uma referência para os Direitos Humanos não só em seu estado, mas também no Brasil e no mundo. Atualmente, ela é presidenta do grupo Igualdade e vice-presidenta da Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil.
Hoje Marcelly chega aos 70 anos de idade. Nosso coletivo agradece pelo aprendizado e incentivo que ela traz a tantas vidas.
Desejamos vida longa! E um respeitoso “obrigada”, nossa mamãe, Marcelly Malta!