A sociedade brasileira aos poucos apresenta os novos modelos que visam a desconstrução do homem provedor sob a perspectiva da família, nossa sociedade começa a compreender (mesmo com resistência do conservadorismo) que o papel do indivíduo provedor na sociedade e na família pode ser exercido por homens e por mulheres.
No direito romano, o pai de família tinha poder de vida e morte sobre os demais membros da casa, podendo vendê-los, matá-los ou escravizá-los conforme seu interesse. Quando o pai morria, cada filho assumia sua própria família com todos os descendentes nela incluídos. Essas famílias não se dissolviam porque as mulheres eram escolhidas mediante dote financeiro. Então, elas (e seus futuros filhos) deixavam de ser propriedade do pai e passavam a ser propriedade do marido.
Na visão do psicanalista e escritor Christian Dunker, a expectativa de que um pai cumpra missões de cuidado, sobretudo emocional não é uma realidade, assim como a compreensão do universo de gênero dos homens transexuais, a mudança de narrativa sobre a criação de filhos e a compreensão da transexualidade é um processo lento e gradual, aprendemos desde nossos ancestrais que a referência de paternidade é um posto de virilidade e de autoridade.
Modernizar a sociedade e dar compreensão aos papéis sociais de gênero respeitando a vida social de pessoas trans ainda se faz um desafio no Brasil, a Rede Trans Brasil vem através desta nota parabenizar a postura séria e inclusiva da Empresa Natura, pela campanha onde o homem transexual Thammy Miranda publicita sua paternidade, reconhecendo o papel social de homem como qualquer outro.
É momento de descontruir muros que limitam a paternidade, é preciso pensar e compreender que ser pai está muito além de pênis ou vagina, de somente prover o sustento familiar ou de ser o macho que dá a última palavra, enquanto pais ou mães transexuais podemos e temos condições de fazer parte do cuidado, da criação e educação dos filhos.
Para isso é importante os espaços de discussões sobre a paternidade acontecerem de modo efetivo, envolvendo cada vez mais educadores, psicólogos, assistentes sociais, enfim, todos da sociedade, que de forma laica e imparcial visam construir um mundo inclusivo e sem discriminação.
Nosso total agradecimento e louvor a empresa Natura que de forma inclusiva lança uma campanha publicitária que visa aproximar nossa sociedade a uma realidade existente, porém ainda muito reprimida pela perseguição de uma cultura machista e atrasada, que persegue a evolução da sociedade visando alienar e controlar um povo.
Corpos trans existem e possuem diversas possibilidades de ocupação social e tentam sua inserção social, negligenciada durante toda história da humanidade o que trouxe diversas mazelas sociais como consequência, a prova disto é o alto número de evasão escolar, acesso ao campo do trabalho, violência e assassinatos, etc.
Viva a inclusão, o amor paterno, e empresas como a Natura que buscam uma sociedade onde todxs vivam e contribuam com um mundo mais humano e solidário.
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