O Grupo Esperança iniciou seus trabalhos em 18 de fevereiro de 1994, tendo suas atividades voltadas aos Direitos Humanos, Cidadania, Assistência e Prevenção as IST/HIV/AIDS entre as Travestis, Transexuais e profissionais do sexo, bem como sua integração à sociedade tanto na capital Curitiba, como no Estado do Paraná.
O grupo Esperança teve uma importante participação no contexto do movimento LGBT do Brasil e esteve na fundação e primeira presidência das duas mais antigas Redes Nacionais em existência no Brasil.
As instituições trans no Brasil emergem no contexto do combate à epidemia de Aids e em decorrência da ação da sociedade civil organizada em resposta à falta de uma política nacional de enfrentamento da doença o que possibilitou que organizações como o Grupo Esperança e outras instituições trans pudessem estruturar-se, ao longo da década de 1990.
A importância do trabalho de saúde pública através das instituições não governamentais da população travesti e transexual é marcada não só pela busca de prevenção, testagem e tratamento do HIV/Aids, mas, principalmente, pela condição marginalizada que dificultava o trabalho de prevenção, assim como a nossa existência social praticamente noturna, onde se encontrava o horário de folga para agentes de saúde pública.
O primeiro trabalho do Grupo Esperança e de muitas instituições trans no Brasil, constituiu-se em interpelar as travestis nos pontos de prostituição com o chamariz da distribuição de preservativos e, na sequência, fomentar os grupos de trabalho com reuniões semanais na sede da instituição para, além de abordar a questão do HIV, tratar de questões latentes como a violência policial e direitos humanos, através da construção de um ideal de cidadania, que também compreendia acesso a direitos e serviços básicos, como educação e saúde.
Os grupos das travestis e transexuais passaram a se reunir a partir da década de 1990 e foi essencial para o debate, para questões visíveis mais negligenciadas como violência policial, falta de mercado de trabalho, tráfico de pessoas trans e etc, temas significativos e presentes naquela época e nos dias atuais.
A partir da nossa auto-organização exercemos um importante papel na mediação de conflitos como por exemplo da população travesti e transexual com a polícia, na busca de uma saúde que atendesse nossos anseios fora do campo do HIV, bem como na formação de lideranças para conduzir assim, uma entidade autônoma voltada para a representação das travestis e transexuais.
Parabéns e vida longa ao Grupo Esperança e todas instituições que no início da década de 90 foram precursoras e passaram a fomentar o associativismo da população travesti e transexual, tanto para sua existência com cidadania como a representação legítima de nossa comunidade ainda tão excluída, porém representada por vozes atuantes em todo Brasil que buscam conquistas através da luta para uma sociedade justa e igualitária para todas, todos e todxs pessoas travestis e transexuais.