CARTA ABERTA CONTRA VIOLÊNCIA
Aracaju, 28 Agosto de 2018.
A ASTRA – Direitos Humanos e Cidadania LGBT está intensificando a interiorização das ações com membros em 19 cidades do interior do estado, promovendo campanhas estratégicas de prevenção na capital do Estado, diariamente, em sua sede social, reuniões quinzenais de conscientização e entretenimento, respectivamente conhecidas como “Quarta Legal” e “Refresco Cultural”, que neste último semestre alcançaram picos de 32 visitantes por atividade.
O orgulho e direito à livre orientação sexual e ao respeito à Identidade de gênero é um direito inalienável de todo ser humano, seja a orientação homossexual, bissexual ou heterossexual, seja sua condição de gênero cis ou trans.
Autoestima e afirmação identitária são fundamentais para que as pessoas trans e travestis conquistem igualdade de direitos, e o seu orgulho e reivindicação não sejam vistos como privilégios, e sim, a conquista de sermos tratados como seres humanos, com os mesmos direitos e deveres dos demais cidadãos, para que todos os dias, no ano inteiro, assim é norteada a pauta na organização da décima sétima parada LGBT de Sergipe e nesta edição do evento em 2018 chegou ao público de 160 mil pessoas, porém com menos de 24 horas após o término da parada, na noite dessa segunda-feira, a violência contra a mulher transexual e blogueira Anne Patrícia, uma das participantes do seminário da parada, foi agredida com socos e chutes em sua cidade Lagarto, na região centro-sul de Sergipe, o fato nos traz indignação e suspeita. Em depoimento ela diz:
“Sai de Aracajú às 05:30 da manhã e fui trabalhar. Ao sair do trabalho chegando próximo da minha casa, vi um cara me seguindo e ao olhar pra trás, ele me deu ‘boa noite’, ai eu disse ‘boa noite’, na hora que eu respondi, ele me deu uma rasteira e eu cai no chão, quando ele me derrubou já foi logo me dando soco, me deu 3 socos e um deles foi bem forte no meu rosto e quebrou dois dentes e estourou meus lábios”.
O autor da agressão teria sido um homem ainda não identificado, a vítima foi abordada na Avenida Augusto Franco durante o trajeto entre o seu trabalho, a Maternidade Zacarias Júnior, e a sua residência, a companheira recebeu os primeiros socorros e foi encaminhada ao Hospital Universitário de Lagarto e teve que ser submetida a um procedimento cirúrgico. “Fui levada ao hospital devido ao sangramento excessivo, logo em seguida, fui levada a delegacia e também para o IML para fazer o corpo de delito, não sei o motivo da agressão porque eu não sou envolvida com nada de errado, trabalho dignamente eu realmente não consigo entender”. O agressor fugiu e até o momento não foi encontrado.
O caso foi registrado no Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), junto a delegada Ana Carolina Machado, após encaminhamento dos advogados voluntários da ASTRAL (Associação de defesa trans de Lagarto), aonde destacamos a necessidade de ampla investigação visto que a Transfobia pode ser agente motivador de represarias com violência no intuito de intimidar a liberdade de expressão da blogueira nas redes sociais que conta, “aonde eu fui agredida tem uma casa que tem uma câmera que filmou toda a agressão e a polícia já esta tentando identificar o agressor. Muita gente tá me apoiando e isso me deixa bem, só não quero que caia no esquecimento e não seja desenrolado mais um caso desse de violência com nós trans. Quando a ficha caiu, eu chorei muito e não acreditei que isso aconteceu comigo, estou sem dentes e com o rosto todo inchado e roxo, mas acredito que isso não vai sair impune.”
A ASTRA Sergipe e a Rede Trans Brasil se solidarizam com a ASTRAL de Lagarto e a nossa participante Anne Patrícia ao tempo que resta às autoridades da segurança pública buscar o agressor e a investigação sobre a motivação que levou a agressão, ressaltamos que câmeras de segurança ao entorno da via podem ajudar na elucidação do crime.
ABAIXO CLICK PARA TER ACESSO A CARTA ABERTA CONTRA VIOLÊNCIA EM PDF.
veja Abaixo algumas fotos e vídeo da vitima.